Um dia decisivo nas eleições americanas, principalmente para o Partido Republicano, já que nesta terça-feira (5) se decide quem receberá o apoio de mais de um terço de todos os delegados do partido nas eleições presidenciais.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Quinze estados, além da Samoa Americana, votam hoje pelos nomes que querem ver nas cédulas em novembro.

No lado Republicano, eleitores decidem entre Donald Trump, que recebeu ontem o sinal verde da Corte Suprema para ser candidato, e Nikki Haley.

Para garantir a nomeação, do lado republicano, são necessários os votos de 1.215 delegados, ou metade do total de 2.429 que nomearão o candidato presidencial do Partido Republicano, na convenção de julho. Trump tem atualmente 247, Nikki Haley 24. Estão em jogo nesta terça-feira, os votos de 874 delegados. O suficiente para oferecer ao magnata uma vantagem quase intransponível. Sua equipe de campanha prevê que ele conquistará 773 delegados na superterça e será matematicamente imbatível.

Já os democratas votam a confirmação da candidatura de Joe Biden à reeleição, embora seu único concorrente, o deputado democrata Dean Phillips, de Minnesota, siga figurando nas cédulas.

O Partido Democrata tem 3.934 delegados em jogo, mas o princípio é o mesmo. Joe Biden deverá atingir 1968. Ele já conquistou 206 delegados.

Superterça

A rodada deste 5 de março das eleições prévias americanas é conhecida como superterça, porque é o dia em que a maioria dos estados vão às urnas ao mesmo tempo.

Esta superterça, particularmente, reúne 15 disputas para os Republicanos e 16 disputas para os Democratas.

Votam hoje os estados do Alabama, Alasca, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia.

Além disso, hoje se realizam os caucus democratas no território da Samoa Americana e deve ser divulgado o resultado da votação das assembléias do  partido em Iowa.

Fim da linha para Nick Halley

Esta poderia ser a última oportunidade da ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, em sua fracassada, mas persistente tentativa de desafiar Donald Trump pela nomeação Republicana. Ela conseguiu vencer as prévias apenas em Washington D.C.

Para o desafio desta terça, a Campanha de Halley investiu pesado em propaganda e fez com que a candidata cruzasse os Estados Unidos para tentar convencer o eleitor de que ela é uma melhor opção do que o ex-presidente.

Já Trump vem de duas vitórias arrasadoras, uma no estado natal de Haley, a Carolina do Sul, onde conquistou 60% dos votos, e outra em Michigan, onde obteve cerca de 70% dos votos.

Além disso, a super votação acontece um dia após a decisão da Corte Suprema de que Trump tem legitimidade para seguir com sua campanha presidencial, desqualificando o pedido do Colorado para retirá-lo das cédulas por sua participação na invasão ao Capitólio.

Como a votação acontece em seis diferentes fusos horários, a contagem dos votos poderá levar horas e até  dias.

Chance de novos protestos contra Biden

Apesar do nome de Joe Biden como candidato pelo partido Democrata não estar necessariamente em dúvida, o  voto-protesto do qual o atual presidente foi vítima em Michigan deixou o partido em alerta. 

Ainda tendo vencido facilmente as primárias no estado, mais de 100 mil  eleitores democratas preferiram a opção “descomprometido” nas cédulas, reunindo votos suficientes para  conquistar dois delegados em Michigan, os únicos que Biden perdeu até agora.

O objetivo era protestar contra a postura que o governo americano vem tomando no conflito em Gaza, onde o número de mortos ultrapassou 30 mil pessoas. Michigan tem a maior porcentagem de árabes americanos, sendo cerca de 2,1% da população, de acordo com a World Population Review.

Não está descartado que mais votos-protesto sejam emitidos nesta Superterça, especialmente na Califórnia e em Massachussets, onde há um contingente considerável de árabes.