Desde que começou a pandemia da Covid-19, temos visto cenas comoventes, de profissionais da saúde se doando de corpo e alma para salvar vidas, mesmo diante da total falta de condições. Por outro lado, a atuação de boa parte dos médicos também começou a ser colocada em xeque: o motivo é que muitos passaram a adotar como “protocolo” o receituário do tal Kit Covid para tratamento “precoce” da Covid-19, que junta medicamentos como cloroquina (indicado para lúpus), ivermectina (antiparasitário - remédio para pulga) e azitromicina (antibiótico - ou seja, indicado para infecções bacterianas, e não para vírus). É só aparecerem os primeiros sintomas que podem ser associados à Covid que o médico de urgência passa esse grupo de medicamentos, defendido por ninguém menos do que o doutor Jair Messias Bolsonaro (que deve ter tirado o diploma médico sem ninguém saber).


Por essas e outras, claramente estamos falando de um posicionamento que tem sido muito mais político do que científico e isso tem afetado até as entidades médicas. de um lado, o conselho federal de medicina decidiu deixar em aberto o uso do tal tratamento precoce, para que médicos e pacientes decidam juntos se devem usar ou não (como se fosse assim que a coisa funciona - médico receita e o paciente toma o remédio, ora). Já a sociedade brasileira de infectologia é absolutamente contra o tal tratamento precoce, alegando que o mundo inteiro busca uma cura para essa doença terrível, mas até agora nenhum medicamento teve a eficácia comprovada, sendo apenas a vacina o caminho para prevenir e evitar o agravamento dos casos. A pergunta que não quer calar é: como é que médicos, cuja formação é tão difícil, longa, e voltada para a ciência, se associam a uma proposta defendida pelo capitão cloroquina e reproduzem um comportamento anti-ciência?

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Produção: Inês Aparecida, Hébely Rebouças e Kamila Fernandes

Estúdio de gravação: Pro Produções

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Trilha sonora: Barruada Gagá (Breculê)