No quinto episódio da série Pensando a Amazônia pela Literatura do LatitudeCast, os poetas Clei Souza e Edmon Neto conversam sobre as dinâmicas da poética da Amazônia e suas diferentes formas de expressão.

Clei Souza é professor doutor de Literatura pela Universidade Federal do Pará (UFPA), poeta, contista, crítico-literário e artista visual. Para ele, a palavra poética instaura novas possibilidades de mundo.

“Eu acredito que todos os poetas que têm essa percepção estão escrevendo o mesmo poema, estão escrevendo o poema de um mundo por vir, que aponta caminhos”, afirma. “Nessa escuridão que nós vivemos, com esse modelo econômico capitalista que destrói a tudo e a todos, a poesia é a possibilidade de nos fazer reexistir, a poesia não é entretenimento, ela é uma afirmação humana, uma afirmação de existência”.

Edmon Neto é professor doutor de Literatura na UFPA, poeta e músico. Neto sempre teve uma relação próxima com a literatura e, quando se mudou para a Amazônia, aprendeu a lidar com uma nova temporalidade da poesia.

“O tempo da poesia é um tempo específico. O tempo da Amazônia também é um tempo específico. Quando eu cheguei à Amazônia, eu estranhei o tempo daqui, das pessoas, o tempo que as pessoas levam para viver. O cotidiano é outro, o clima é outro. E isso modifica radicalmente a nossa relação com o tempo”, conta Neto.

Hoje, ele pesquisa sobre os poetas e poéticas do Médio Xingu, e estuda sobre as línguas originárias, principalmente o tronco Tupi, o Macro-jê e o Caribe.