Hellpoint leva o gênero Souls-like para o espaço, mas boas ideias não disfarçam os problemas de um jogo mal polido e cheio de bugs


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Hellpoint é o jogo de estreia da canadense Cradle Games, que mistura a mecânica de Dark Souls com a ambientação de Dead Space, em um conto cósmico que mistura buracos negros, demônios e seres dimensionais.

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Infelizmente, uma série de problemas técnicos tiram boa parte da satisfação do jogo, que poderia se destacar entre outros títulos do gênero Souls-like.



Dark Souls + Dead Space = Hellpoint

Você já viu esse filme: "protagonista deve descobrir mistério por trás de catástrofe que atingiu estação espacial, infestada de criaturas desconhecidas". A história de Hellpoint é basicamente essa, exceto que a estação orbita um buraco negro, que influi no poder das criaturas, o evento envolve cultistas e entidades ancestrais e o protagonista é um construto, "impresso em 3D".


Seu personagem não tem personalidade, é basicamente um boneco (você pode nomea-lo) jogado em uma situação com quase nenhuma explicação do mundo à sua volta, junto com o jogador, que também não recebe muitos insights.


Desde o início, Hellpoint não esconde sua vocação de ser um Dark Souls espacial, com todos os elementos que a franquia da FromSoftware estabeleceu para a criação de um gênero próprio: dificuldade altíssima, mecânicas punitivas (perda de loot ao morrer, forçando o jogador a fazer backtracking para recupera-lo e arriscar perder tudo, caso morra de novo), combate cadenciado, criaturas e chefes gigantes e insanamente poderosos.



As diferenças ficam por conta da ambientação, em um cenário espacial com toques de gore e horror, que aproximam Hellpoint da franquia Dead Space. O resultado é uma mescla convincente e até mesmo um tanto original, que cria uma atmosfera opressiva de modo a incomodar o jogador.


Os visuais no geral foram bem construídos de modo a seguir essa linha, é notável o esforço do estúdio canadense Cradle Games e a dedicação à construção do mundo do jogo, dado o curto investimento inicial: Hellpoint nasceu como uma campanha no Kickstarter, que arrecadou menos de US$ 48 mil, mas conseguiu fechar um acordo de distribuição com a tinyBuild (No Time to Explain).


Boa primeira tentativa, mas...

O combate de Hellpoint é um de seus pontos fortes. Como é normal do gênero, você dispõe de um arsenal de armas de combate corpo a corpo ou de longo alcance (armas de fogo, armas mágicas) e pode desferir golpes fracos e fortes, mas a AI é inteligente ao ponto de usar um sistema de lock-on similar ao do jogador. Elas evoluem com o uso e ao equipar chips, que têm seu custo.


Isso dificulta a possibilidade de esquivar rapidamente para as costas de uma criatura e ataca-la por trás, forçando-o a traçar estratégias mais eficientes para vencer um combate. Quando você morre (o que acontece muito), o jogo não só mantém seu loot no lugar e você precisa ir até lá para recupera-lo, como ele também habilita um "Fantasma" do jogador, que usa o mesmo equipamento disponível na hora da morte.


Dada a inteligência acima da média da IA, enfrentar seu "sósia" usando suas armas, mas de uma maneira melhor que você, pode ser um verdadeiro tormento para alguns.



O sistema de fendas (a versão do jogo para os campfires) também funciona de modo diferente: além de atuarem como save points, eles habilitam viagem rápida desde que o jogador use um determinado item, que é extremamente raro. Assim, a navegação pelo labirinto não é tão facilitada, e sem um mapa, as coisas podem ficar bem complicadas.


Só que esses pontos positivos não escondem os problemas de Hellpoint. Os gráficos em geral são pouco polidos e parecem de um título da geração passada. O jogo também peca por não ser idealmente responsivo, algo obrigatório em jogos Souls-like, apresentando problemas nas hitboxes dos inimigos e dificultando ainda mais o desafio.


Por fim, os bugs. Hellpoint apresenta um número alto deles, desde atravessar o chão após uma queda a um bem gratuito, com um menu preso na tela. Há também inconstâncias na performance, sentida principalmente no modo cooperativo, onde a taxa de quadros caiu para abaixo de 10 fps.


É preciso levar em conta o fato de que Hellpoint é o título de estreia de uma desenvolvedora que não tinha muito dinheiro disponível, assim, esperamos que o estúdio apresente melhores resultados em seus próximos jogos.


Conclusão

Hellpoint é uma honesta tentativa de transportar o gênero Souls-like para o espaço, de modo a usar a atmosfera sci-fi mesclada ao gore e horror típicos, o que é um pouco original. Embora a progressão e evolução do jogador tenham sido bem construídas, as falhas do título são muitas e não dá para ignora-las.



A falta de polidez nos gráficos, os problemas massivos de performance e uma quantidade cavalar de bugs prejudicam bastante a experiência, mas jogadores habituados a Dark Souls e cia., caso sejam capazes de contornar esses problemas, encontrarão em Hellpoint um título que pune o jogador severamente e mais do que isso, faz o possível para deixa-lo desconfortável o tempo inteiro.


Se bem que os inúmeros problemas de Hellpoint definitivamente deixarão todos incomodados, sejam eles jogadores hardcore ou não.


Hellpoint — Ficha Técnica

Plataformas — PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows, macOS e Linux via Steam, Epic Games Store (somente Windows) e GOG.com (analisado no Xbox One X);
Desenvolvedora — Cradle Games;
Distribuidora — tinyBuild;
Classificação Indicativa — 10 anos.

Pontos Fortes

Dificuldade alta, como se espera de um Souls-like;
Atmosfera sci-fi com um toque de horror é levemente original;
Boas ideias para combate e progressão.

Pontos Fracos

Gráficos pouco polidos;
Performance inconstante;
Bugs bem gratuitos.

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