O Tribunal de Contas da União (TCU) está investigando a atuação do ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro na iniciativa privada. Após deixar o posto no governo federal, do presidente Jair Bolsonaro (PL), em abril de 2020, Moro passou a trabalhar para a consultoria Alvarez & Marsal, dos Estados Unidos, a partir de outubro do mesmo ano. O período de atuação na empresa foi de aproximadamente um ano. Agora o TCU teria questionado a empresa estadunidense sobre os detalhes do contrato de trabalho feito com Moro, visando investigar possível conflito de interesses, já que a Alvarez & Marsal atende, por exemplo, ao grupo Odebrecht, investigado e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, que teve Moro como juiz.

Em entrevista concedida à Agência Radioweb, o cientista político Cláudio Couto, coordenador do Mestrado em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destacou por quais motivos esta investigação se explica, especialmente a partir do histórico de anulação de condenações da Lava Jato por parcialidade como foi o caso relacionado ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT): "pode-se também suspeitar se o Moro não foi parcial, se ele não teve um direcionamento particular com relação a casos envolvendo outros atores como, por exemplo, as grandes empresas brasileiras, alvo da operação. Não há um conflito de interesses do Moro trabalhar para um escritório que presta serviço para uma empresa [Odebrecht] que ele investigou, sobre a qual tomou decisões como juiz e, mais ainda, para a qual ele acabou produzindo um imenso prejuízo? Será que houve algum tipo de motivação particular?".

Na rede social Twitter, Moro publicou que não enriqueceu no setor privado nem público. Também escreveu que não atuou em casos de conflito de interesses, além de classificar como insinuações levianas os argumentos do TCU para a realização da investigação.