O ano de 2020 será cheio de trabalho para Gilberto Gil, de 77 anos. Em março, ele grava em Copenhague, no DR Koncerthuset, para disco e DVD, o show de seu mais recente álbum de inéditas, “OK OK OK” (de 2018). E em julho, junta-se a filhos e netos na Europa em “Nós, a gente”, um show “ainda em gestação” que deverá ter todos os Gil “que puderem ir para o palco”.

Gil também é a estrela do documentário “Refavela 40”, de Mini Kerti, apresentado, na HBO (e está no streaming, na HBO GO). O filme parte do espetáculo de comemoração dos 40 anos do álbum “Refavela”, orquestrado em 2017 por Bem, filho do cantor, para investigar todas as conexões envolvidas na criação desse divisor de águas da música brasileira. A viagem de Gil à Nigéria em 1977, os blocos afro da Bahia, os bailes da Black Rio, Luiz Melodia, o reggae de Bob Marley... tudo isso se junta a entrevistas e imagens de arquivo de variadas épocas, mais gravações do show “Refavela 40” na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, e de um reencontro de Gil com músicos que participaram do disco.

Refavela é um álbum de 1977 do cantor, compositor e músico Gilberto Gil, pelo selo Phonogram, da trilogia RE, que se refere aos álbuns: Refazenda (1975) e Realce (1979).

O 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra (FESTAC 77) em Lagos, Nigéria reuniu 50 mil artistas afrodescendentes e da diáspora negra, dentre eles o artista Fela Kuti, que influenciou Gil na sonoridade afrobeat e juju music. Houve também a influência do funk americano; do reggae; dos blocos carnavalescos baianos Ilê Aiyê e Filhos de Gandhy, que propunham a reafricanização do carnaval; e do Movimento Black Rio.

Assim como Refazenda, que revisitou suas raízes nordestina, o álbum Refavela surge com a ideia de revisitar suas raizes africanas. A canção "Babá Alapalá" reúne os orixás em um assunto de ancestralidade africana .

"Balafon" é sobre o instrumento de mesmo nome que Gil ganhou de presente da Nigéria, a música tem a fórmula de compasso em 3/4 e é reconhecida pela estrutura poliritmica.