Compositor de Street Fighter V diz que Fei Long não voltará no futuro; família de Bruce Lee estaria farta de versões estereotipadas do astro


Street Fighter pode ter perdido Fei Long, segundo compositor [ATUALIZADO]

ATUALIZAÇÃO: em uma postagem no Twitter, representantes da família de Bruce Lee afirmam nunca terem feito comentários a respeito de impedirem versões do astro das artes marciais em diversas mídias, Street Fighter incluso, que não fazem ideia de quem são as pessoas citadas por Daniel Lindholm como próximas a eles, e que suas afirmações são inteiramente falsas.


Não obstante, a Capcom aparentemente colocou Lindholm, que trancou sua conta no Twitter, no gelo, o que pode indicar que seu contrato com a desenvolvedora foi encerrado.


Segue abaixo a notícia original.

A franquia Street Fighter pode ter sofrido uma baixa em seu elenco. Em uma entrevista (já removida) publicada no YouTube, o compositor Daniel Lindholm especulou que Fei Long, personagem introduzido em Super Street Fighter II: The New Challengers (1993), não deverá nunca mais voltar em futuros jogos.

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Segundo Lindholm, representantes legais do espólio de Bruce Lee (1940 – 1973) estariam até a tampa do que consideram "representações caricatas e estereotipadas" do astro das artes marciais em diversas mídias, o que tomou proporções enormes após Quentin Tarantino lançar o filme Era Uma Vez em Hollywood, em 2019.


Fei Long em Ultra Street Fighter IV (Crédito: Reprodução/Capcom)


Daniel Lindholm é um compositor que trabalhou para a Capcom em Street Fighter V (versões original e Arcade Edition), Resident Evil 6 e Resident Evil: Revelations 2, e para a Sega em Yakuza: Dead Souls e Super Monkey Ball 3D, além de trilhas para produções de cinema. Ele possui um canal no YouTube e costuma realizar trívias (Q&As) com seus seguidores frequentemente.


Em uma de suas mais recentes publicações, Lindholm respondeu a uma pergunta a respeito da música da lutadora Karin, que não é de sua autoria (ele compôs os temas de Zeku, Ed, Menat, G e Lucia, e arranjou os de Sakura, Cody, E. Honda, e os temas recriados da trilha de Street Fighter Zero, como tela de escolha de personagens, versus e etc), no que a conversa mudou o foco para Fei Long, visto que ambos lutadores usam técnicas similares.


O lutador de Hong Kong praticante de Jeet Kune Do foi visto pela última vez em Super Street Fighter IV (2010), tendo permanecido nas expansões posteriores do game, encerradas em 2014, com Ultra Street Fighter IV.


Ele não foi incluído no rol de lutadores clássicos de Street Fighter V, que trouxe de volta apenas Cammy dentre os 4 "newcomers" originais de SSF2, os demais sendo o jamaicano Dee Jay e o nativo norte-americano T. Hawk, todos presentes em SSF4. No entanto, Lindholm deu uma possível explicação do por que Fei Long não deverá voltar em Street Fighter 6, ou em qualquer outra interação da franquia:


"Um personagem que nós provavelmente não veremos novamente — e houve muita discussão sobre isso —, e que seria um que eu gostaria de reescrever sua música, é Fei Long.


Eu tenho outras fontes — não apenas da Capcom, mas de amigos nos EUA, que são bastante próximos da família Lee — e eles teriam dito que quaisquer representações do sr. Bruce Lee deverão omitir características cômicas, em geral. A representação deve ser honrosa.


É por isso que nós não veremos Fei Long de novo. Nunca mais."





Lindholm posteriormente removeu o vídeo de seu canal, e explicou no Twitter que sua fala foi "mal interpretada" pela mídia, acusando sites de games de distorcerem o que ele falou, embora ele tenha dado a entender ter certeza do que estava falando.


Na thread da rede social, o compositor afirmou que as opiniões expressas no vídeo removido eram especulações "com base em informações de uma fonte externa", e pediu desculpas à família de Bruce Lee por expressar uma possibilidade, que pode vir a não ocorrer, como fato. Por sua vez, a Capcom se limitou a dizer que "não comenta rumores e/ou especulações". Representantes da Bruce Lee Enterprises (BLE) não se manifestaram.


Por trás das declarações de Lindholm, embora estas possam ser (ou não) especulações, estão fatos recentes envolvendo a BLE no que tange a representações de Bruce Lee em diversas mídias, incluindo games, ao longo dos anos.


Em 2015, a instituição conseguiu derrubar os planos da Pegasus Motion Pictures, que para o terceiro filme da franquia Ip Man, pretendia usar um modelo em CGi de Lee para introduzi-lo como discípulo do protagonista, estrelado por Donnie Yen. No fim o ator Danny Chan, que já havia vivido Lee no filme chinês sobre o astro em 2008, ficou com o papel.


Porém, quando Quentin Tarantino retratou Bruce Lee (interpretado por Mike Koh) em Era Uma Vez em Hollywood como uma pessoa arrogante (Tarantino disse isso dele em uma entrevista, inclusive) e exibida, bem como usando trejeitos e maneirismos exagerados, algo que sempre foi usado em representações e paródias do astro, o caldo desandou.


Kareem Abdul-Jabbar, ex-astro da NBA que contracenou com Lee no filme O Jogo da Morte, disse que a versão do astro em Era Uma Vez em Hollywood era "desleixada e racista", já a BLE, e principalmente Shannon Lee, filha de Bruce, ficaram todos fulos nas calças.





Embora diversas publicações anteriores, e testemunhos de dublês, que ao longo dos anos declararam que Lee era agressivo nos sets de filmagem e tinha o péssimo costume de arrumar briga a troco de nada, apenas para se exibir, o fato é que ele já estava morto e não podia se defender. A BLE nunca deu muita bola para isso, até Tarantino usar esses relatos para compor sua versão do ator/lutador para a tela grande.


Shannon Lee não conseguiu impedir ou tumultuar a exibição do filme no ocidente, mas a China era outra história. Ela entrou com uma representação junto à China Film Administration, acatada pelo órgão, que forçava Tarantino a alterar o filme, removendo a cena por completo, como condição para que a película fosse exibida no país.


Como o diretor se recusou, Era Uma Vez em Hollywood foi banido do País do Meio, uma semana antes da estreia. Sem o mercado chinês, o filme foi considerado um fracasso comercial, mesmo tendo se pagado.


Segundo fontes extra-oficiais, o episódio teria colocado a BLE em modo Buscar e Destruir 100%, de modo a exterminar toda e qualquer versão de Bruce Lee que não esteja alinhada com os parâmetros da instituição, daí a "representação honrosa" mencionada por Lindholm no vídeo.


No entanto, Fei Long nunca foi um personagem cômico. Ele é um lutador bem sério e compenetrado, porém é bastante arrogante e convencido. Outro ponto controverso, mais uma vez, são os trejeitos de sua postura de luta, gritos e etc., que sempre foram exagerados.


O mesmo se aplica aos dois sósias de Bruce Lee da série Tekken, Marshall Law e seu filho Forest. Estes ainda possuem o agravante de sempre terem sido alívios cômicos da série de luta da Bandai Namco, ainda mais quando pareados com o americano Paul Phoenix, algo mostrado até no crossover Street Fighter X Tekken.


Law (seja Marshall ou Forest) sempre foi uma versão cômica de Bruce Lee, diferente de Fei Long (Crédito: Reprodução/Bandai Namco)


Especulação ou não, desde o lançamento de Era Uma Vez em Hollywood, os responsáveis pelo espólio de Bruce Lee estão aparentemente bem menos propensos a tolerar representações e paródias do astro das artes marciais, que considerem estereotipadas e caricatas, independente da mídia, sejam filmes, séries, animações ou games.


Ainda que a opinião de Lindholm seja uma conjectura com base em evidências, é possível que a BLE não leve à cabo a decisão de podar Fei Long da franquia Street Fighter, o que poderia ser estendido a Law (qualquer um dos dois) em Tekken, Jann Lee em Dead or Alive, ou a inclusão de qualquer versão/homenagem a Bruce Lee em games futuros de outras desenvolvedoras.


De qualquer forma, só saberemos se um expurgo dos sósias de Bruce Lee vai mesmo ocorrer no mercado de games, quando as próximas versões das franquias acima mencionadas forem lançadas, o que pode levar algum tempo.


Fonte: VG247


Street Fighter pode ter perdido Fei Long, segundo compositor [ATUALIZADO]

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