Neste podcast, Angélica Hellish  e Polly Ana debatem e convidam mulheres (tem homens na leitura de e-mails, sorry! hahaha) para conversar de forma desinibida  sobre assuntos relativos ao feminismo, sexo, sociedade e cultura e ser mulher.

Atualização: Fazem 08 anos que esse podcast foi criado e descontinuado, mas ele existe e é uma uma maneira de analisar como pensávamos diferente em relação à muitas coisas.
Escutem com a cabeça de 10 anos atrás, não de hoje. Paz!
Ninguém nasce feminista. Se torna.

Episódio #04 no feed e demais episódios disponíveis para download aqui (clique no nome do episódio)
A Revolução Sexual Feminina: Angélica Hellish e Polly Ana
Aniversário de 50 anos da pílula anticoncepcional. (08/02/2010)
Ditadura da Beleza:   Angélica Hellish, Polly Ana, Claudia França, Aldre Lima, Cafeína, Priscilla Perez. (23/03/2010)
(no feed e player) Homens e sua insegurança em relaçao ao tamanho do "Dito Cujo":
Angélica Hellish, Polly Ana, Cafeína, Camis Barbieri, Erika Ribeiro, "B" do extinto podcast " Vida Secreta. (02/09/2010)
Leitura de e-mails da Mulherada: Angélica  Hellish, Cafeína, Carlos Tourinho (Filmes com Legenda/Pauta Livre News), Thaís Poa (Thata) , Sr. Seu Panda (Pauta Livre News) e Marcos Noriega.
Muita gente, pois houve hate. (28/10/2010)

Envie suas opiniões e suas sugestões para o [email protected] ou [email protected]
Não se esqueça de participar de nossa comunidade no Meu Podcast e no Orkut.
Siga a Mulherada no @Mulherada_cast. (Esse Twitter ainda existe!)
Podcast criado em 2010 e descontinuado. (blog ativo) http://soentramulher.blogspot.com/
Atualização e upload feitos neste site em 03/11/2018

[Texto]
As Culpadas
Polly Ana
Hoje, ao acaso, encontrei uma notícia, no mínimo, revoltante: mulheres são culpadas pelo estupro. Logo que li o título (já com raiva nos olhos), tratei de verificar a data desse artigo, não podia ser algo recente. Ontem, essa notícia foi publicada ontem. É incrível imaginar que esse argumento bizzaro é disseminado quando o estupro é uma realidade que afeta 20% das mulheres em todo o mundo, segundo Relatório da Anistia Internacional. 
A notícia toda gira em torno de um panfleto religioso, no qual prolifera o mesmo discurso (cretino) de sempre: as mulheres instigam os homens a agirem de forma pecaminosa (vide Eva e tantas outras), as mulheres usam suas roupas com o intuito de provocar os homens e, mesmo que não esteja algo à mostra, até assim a mulher age com pecado.
Não queremos discutir religião, e sim quando essas frases sem nexo saem do âmbito religioso, assaltam o imaginário popular e ganham as ruas. Não é raro encontrar inúmeras pesquisas (essa, essa aqui e essa outra) que demonstram que a população (principalmente as próprias mulheres) culpam as vítimas pelo estupro. Uma dessas pesquisas diz que pelo menos um terço das pessoas na Grã-Bretanha acreditam que uma mulher é responsável, de forma parcial ou total, por ser estuprada se ela tiver flertado com o futuro agressor.
Outro caso que nos dá assombro só de ouvir aconteceu em Nova Délhi, cidade que sofreu (e ainda sofre) uma onda de estupros, onde em resposta a esses ataques a ministra em exercício para assuntos femininos, Kanti Singh, disse que "os pais deveriam observar que tipo de roupas as moças estão usando quando elas saem de casa," atribuindo, desse modo, a culpa ao corpo feminino, como se ele fosse um produto disponível, podendo ser tomado à força por qualquer homem, desde que este se sentisse atraído pela embalagem.
No cinema, o assunto é mencionado em Laranja Mecânica (1971), filme inspirado no livro homônimo de Anthony Burgess, dirigido por Stanley Kubrick, o longa narra o percurso de Alex (Malcolm McDowell), um garoto que faz parte de uma gangue e que, sem escrúpulos, rouba, mata e estupra. A cena do estupro é realizada ao som da canção Singing in the rain, cantada pelo próprio Alex. Outra cena de estupro, mas no sentido metafórico, ocorre quando Alex e seu bando invadem a casa de uma dançarina,

Neste podcast, Angélica Hellish  e Polly Ana debatem e convidam mulheres (tem homens na leitura de e-mails, sorry! hahaha) para conversar de forma desinibida  sobre assuntos relativos ao feminismo, sexo, sociedade e cultura e ser mulher.

Atualização: Fazem 08 anos que esse podcast foi criado e descontinuado, mas ele existe e é uma uma maneira de analisar como pensávamos diferente em relação à muitas coisas.
Escutem com a cabeça de 10 anos atrás, não de hoje. Paz!
Ninguém nasce feminista. Se torna.

Episódio #04 no feed e demais episódios disponíveis para download aqui (clique no nome do episódio)
A Revolução Sexual Feminina: Angélica Hellish e Polly Ana
Aniversário de 50 anos da pílula anticoncepcional. (08/02/2010)
Ditadura da Beleza:   Angélica Hellish, Polly Ana, Claudia França, Aldre Lima, Cafeína, Priscilla Perez. (23/03/2010)
(no feed e player) Homens e sua insegurança em relaçao ao tamanho do “Dito Cujo”:
Angélica Hellish, Polly Ana, Cafeína, Camis Barbieri, Erika Ribeiro, “B” do extinto podcast ” Vida Secreta. (02/09/2010)
Leitura de e-mails da Mulherada: Angélica  Hellish, Cafeína, Carlos Tourinho (Filmes com Legenda/Pauta Livre News), Thaís Poa (Thata) , Sr. Seu Panda (Pauta Livre News) e Marcos Noriega.
Muita gente, pois houve hate. (28/10/2010)

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Podcast criado em 2010 e descontinuado. (blog ativo) http://soentramulher.blogspot.com/
Atualização e upload feitos neste site em 03/11/2018

[Texto]


As Culpadas

Polly Ana


Hoje, ao acaso, encontrei uma notícia, no mínimo, revoltante: mulheres são culpadas pelo estupro. Logo que li o título (já com raiva nos olhos), tratei de verificar a data desse artigo, não podia ser algo recente. Ontem, essa notícia foi publicada ontem. É incrível imaginar que esse argumento bizzaro é disseminado quando o estupro é uma realidade que afeta 20% das mulheres em todo o mundo, segundo Relatório da Anistia Internacional
A notícia toda gira em torno de um panfleto religioso, no qual prolifera o mesmo discurso (cretino) de sempre: as mulheres instigam os homens a agirem de forma pecaminosa (vide Eva e tantas outras), as mulheres usam suas roupas com o intuito de provocar os homens e, mesmo que não esteja algo à mostra, até assim a mulher age com pecado.
Não queremos discutir religião, e sim quando essas frases sem nexo saem do âmbito religioso, assaltam o imaginário popular e ganham as ruas. Não é raro encontrar inúmeras pesquisas (essaessa aqui e essa outra) que demonstram que a população (principalmente as próprias mulheres) culpam as vítimas pelo estupro. Uma dessas pesquisas diz que pelo menos um terço das pessoas na Grã-Bretanha acreditam que uma mulher é responsável, de forma parcial ou total, por ser estuprada se ela tiver flertado com o futuro agressor.
Outro caso que nos dá assombro só de ouvir aconteceu em Nova Délhi, cidade que sofreu (e ainda sofre) uma onda de estupros, onde em resposta a esses ataques a ministra em exercício para assuntos femininos, Kanti Singh, disse que “os pais deveriam observar que tipo de roupas as moças estão usando quando elas saem de casa,” atribuindo, desse modo, a culpa ao corpo feminino, como se ele fosse um produto disponível, podendo ser tomado à força por qualquer homem, desde que este se sentisse atraído pela embalagem.
No cinema, o assunto é mencionado em Laranja Mecânica (1971), filme inspirado no livro homônimo de Anthony Burgess, dirigido por Stanley Kubrick, o longa narra o percurso de Alex (Malcolm McDowell), um garoto que faz parte de uma gangue e que, sem escrúpulos, rouba, mata e estupra. A cena do estupro é realizada ao som da canção Singing in the rain, cantada pelo próprio Alex. Outra cena de estupro, mas no sentido metafórico, ocorre quando Alex e seu bando invadem a casa de uma dançarina, que é morta com um pênis gigante.
Em outro filme, Meninos não Choram (1999), o estupro é punição. Teena Brandon (Hilary Swank) é uma menina que decide trocar de identidade, passando-se por um menino chamado Brandon Teena. No entanto, sua identidade é descoberta e, por causar incômodo, por fugir dos paradigmas, ela é estuprada e morta. Ressalta-se que esse filme é baseado em uma história verídica que aconteceu em 1993.
Entretanto, a obra cinematográfica que chegou mais perto (isso é na minha opinião, é claro e com base em minha memória falha) das discussões sobre a culpa das vítimas nos casos de estupros foi em Acusados (1988). Um filme de Jonathan Kaplan com a atuação fascinante de Judie Foster, que vive Sarah Tobias, uma mulher que é estuprada em um bar e, ao denunciar a agressão, ela sofre humilhações, questionamentos e a culpa pelo o que havia acontecido com ela. Sarah se depara com um sistema machista e conservador, que acha que certas mulheres merecem ser estupradas, seja por suas atitudes, seja por suas roupas.
No Brasil, a coisa ainda caminha (a lentos passos, mas caminha), com a Lei Maria da Penha houve uma proteção mais ampla quanto à violência doméstica sofrida pelas mulheres, no entanto, ainda é difícil as mulheres denunciarem os casos de estupro, ora por vergonha, ora por culpa, já que esses discursos massacram a todas.
Devemos, todas, gritar contra essas frases soltas. Devemos resistir frente a um sistema que inscreve que a mulher é um corpo disponível. O estupro não é e nem nunca foi culpa das mulheres, a culpa desse ato (ou a maior delas) é sim da hipocrisia que criou no homem uma noção ridícula de instinto.

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