Os Estados Unidos irão renovar nesta terça-feira (8) os 435 deputados da Câmara, um terço do Senado, além de definir 36 novos governadores no país. O Partido Democrata tenta reverter a tendência de uma vitória do Partido Republicano no Congresso.

Leandra Felipe, correspondente da RFI em Washington

Do lado do Senado, onde há 35 vagas na disputa, de um total de 100 senadores, a pesquisa aponta que os republicanos são favoritos e podem eleger 20 senadores, contra 12 democratas. Pelo menos três vagas podem ter um resultado “toss-up”, expressão usada para dizer que o cenário é indefinido e tanto democratas, quanto republicanos podem ser eleitos. 

Para garantir o controle do Senado, os democratas precisam conseguir manter 50 senadores, e os republicanos têm de conquistar 51. E um último dado interessante é que 7 estados com disputa acirrada devem decidir o controle do Senado, entre eles, Pensilvânia, Nevada, Arizona, New Hamphire, Ohio e Geórgia. 

Comícios

A última noite antes das eleições foi bem movimentada para ambos os partidos. Nessa segunda-feira (7),  em um comício em Maryland, na Virgínia, o presidente Joe Biden tentou incentivar ao máximo os eleitores democratas a comparecer aos locais de votação, ao dizer que essa é “uma das eleições mais importantes” do país. “Nossas vidas serão moldadas pelo que vai acontecer nos próximos três anos", afirmou, defendendo que os eleitores precisam votar para preservar a democracia. 

Mas embora surpresas sejam possíveis, com base na pesquisa independente Inside Elections, os republicanos parecem favoritos para conquistar 216 cadeiras na Câmara -  para obter maioria é necessário ter pelo menos 218 deputados eleitos. Atualmente, a casa tem 220 deputados democratas.

Em Ohio, outro estado-chave na disputa, o ex-presidente Donald Trump fez campanha para o candidato ao Senado, o republicano J.D. Vance, contra o deputado democrata Tim Ryan, que agora tenta se eleger senador. Em um discurso inflamado, Trump afirmou: “Se você quer salvar seus direitos e liberdades, você deve começar por limitar de forma humilhante a esquerda radical nesta eleição". 

Era esperado que Trump lançasse sua candidatura à presidência em 2024 nos últimos dias. Mas ao que tudo indica, ele deixou o lançamento para esta terça-feira (8), quando informou que fará "um grande anúncio" na Flórida. Segundo a imprensa local, Trump teria sido aconselhado a não anunciar a candidatura antes da votação, o que poderia ter o efeito de levar eleitores democratas às urnas. 

Inflação x democracia

O tema da democracia apareceu bastante em ambas as campanhas. Depois da invasão do Capitólio em janeiro de 2020 por apoiadores de Donald Trump, a comissão que investiga o caso mostrou provas de que o ex-presidente teria sido omisso e, de certo modo, incentivado os ataques. 

Nessa linha de combate ao crescimento da extrema direita, em que os democratas tentam impedir o avanço do voto direcionado por Trump, vale lembrar que nas prévias internas do partido os candidatos favoritos da cúpula tradicional republicana foram derrotados por nomes indicados pelo ex-presidente. 

Agora os republicanos também usam o discurso sobre a democracia, mas com outro viés. Eles continuam a trazer acusações sobre fraudes nas eleições de 2020, ainda que isso já tenha sido descartado. 

Entretanto, para os norte-americanos, o argumento de defesa da democracia não é o primeiro na lista de prioridades para estas eleições. A principal causa de preocupação dos eleitores neste momento, segundo pesquisas da rádio NPR e Rede PBS, emissoras públicas dos país, é a alta inflação. A democracia foi o segundo motivo apontado como fator para comparecer as urnas. 

A inflação anual até setembro de 2022 foi de 8,2%, muito acima da meta anual de 2%.

Votação antecipada e gastos

Duas coisas chamam a atenção para estas eleições de meio mandato. Primeiro, o alto comparecimento de eleitores para votação. Estima-se que mais de 41 milhões de eleitores já votaram de maneira antecipada, o melhor resultado em três ciclos eleitorais.

O outro dado relevante é o volume de gastos da eleição até agora: foram quase U$ 17 bilhões nessa campanha, segundo a ONG norte-americana OpenSecrets.