Começo a escrever este texto no dia 17 de março de 2021, dia em que completo exatamente 1 ano de quarentena. Por conta deste momento simbólico, que infelizmente nos trouxe para um lugar pior do que começamos com mais de 280 mil vidas perdidas até o momento, queria aproveitar para fazer novas reflexões. Muitas delas … Continue lendo Reflexões da Pandemia: viver intensamente

Começo a escrever este texto no dia 17 de março de 2021, dia em que completo exatamente 1 ano de quarentena. Por conta deste momento simbólico, que infelizmente nos trouxe para um lugar pior do que começamos com mais de 280 mil vidas perdidas até o momento, queria aproveitar para fazer novas reflexões. Muitas delas eu já fiz, 3 meses atrás, quando publiquei o texto O que aprendi com a pandemia? Assim, para não ficar me repetindo, este texto tem o propósito de acrescentar novas reflexões ou detalhar visões que foram pouco elaboradas no último texto, mas que se tornaram mais recorrente ao longo dos últimos meses para mim.

Fazendo planos de vida

No início de 2020, eu já estava em um momento de transformação e ressignificação da minha vida. Planejando viagens e pensando em inúmeras coisas diferentes que eu poderia fazer, tanto a curto como a médio prazo. Aí veio a pandemia, e acho que assim como a maioria, tive que engavetar esses projetos. Um ano se passou e a vontade de ver aqueles planos saírem do papel só cresce cada vez mais.

Fomos privados de ir para um bar com os amigos, de ter os encontros familiares, de visitar museus, de ir no cinema e etc. E assim que perdemos, por tanto tempo, a possibilidade de viver essas experiências, pudemos notar a falta que isso tudo faz. Conforme eu dei falta até mesmo daquilo nem era parte da minha rotina, vi como cada evento tem sua beleza, suas particularidades e como são importantes para a vida humana. E assim, eu anseio por ter essas experiências assim que for possível, conhecer o mundo e vivenciar a beleza da cultura, arte e tecnologia.

Dentro da impossibilidade de concretizar planos do lado de fora da minha casa, tive que me contentar com as experiências que eu poderia ter dentro dela. Foi assim que eu comecei a pensar que tipo de coisas diferentes eu poderia fazer em casa, que eu nunca fiz antes e poderiam me tirar da zona de conforto. Cozinhar pratos e drinks diferentes, ver filmes e séries que eu jamais imaginaria ver ou jogar jogos em live. E principalmente, me dedicar a este projeto de divulgação científica que tanto renova a minha paixão pela ciência. E me possibilita ter contato com outras pessoas em tempos tão isolados. Não é a mesma coisa que sair e ter o contato direto com as pessoas, mas certamente ajuda a viver novas experiências.

O desejo de viver intensamente

“Eu quero chegar lá na frente e sentir orgulho e felicidade de ter vivido como eu vivi”. Eu não sei se esta frase, ou alguma versão dela, deve ser creditada a alguém em específico, mas imagino que o sentimento que ela passa é bem conhecido por muitos. E ela tem feito cada vez mais sentido para mim.

Como falei no texto anterior, não quero que a minha vida seja resumida a trabalho. Afinal, eu não sou só um pesquisador, eu sou um membro da minha família, tenho meus amigos, meus hobbies e minhas paixões. Acima de tudo, sou humano. E como tal meu maior desejo é de aproveitar a vida ao máximo, experimentando tudo o que ela tenha a me oferecer e que eu tenha o privilégio de poder aproveitar. Quero que o Bruno do futuro olhe para traz e se orgulhe de ter vivido tudo o que vivi.

Com a pandemia, e mais de um ano sem poder viver todas essas possibilidades, vejo cada vez mais a falta que faz o contato humano e a descoberta de novas experiências. Além disso, as notícias cada vez mais alarmantes do cenário brasileiro (tanto político como sanitário), e as inúmeras mortes que vemos diariamente, só nos mostram a fragilidade da vida e como ela é preciosa. Estimamos a existência de bilhões de galáxias, resultando em 10^21 estrelas (ou seja 1 seguido de 21 zeros, só enxergamos 5000 mil a olho nu), e, ainda assim, só temos certeza da existência de vida em um planetinha, de um pequeno sistema solar, no canto da Via Láctea. Esse é ao mesmo tempo a pequeneza e a maior grandeza que a vida na Terra representa. É um absurdo deixarmos de aproveitar (e proteger) essa fagulha de experiências que o universo tem, que é tão única. É esse tipo de reflexão que tive lendo Respostas de um astrofísico, e que mostra o quanto que a vida é preciosa.

É essa mesma fragilidade que não nos permite ser negligentes com a vida alheia e deixar de cumprir as medidas de segurança contra a pandemia (máscaras e distanciamento social) em prol da sua própria vida. Isso é pensar pequeno e egoísta. É não pensar no todo, na sociedade e no coletivo. Além de arriscar a própria vida. Se desejamos sair dessa, temos que fazer a nossa parte em conjunto e em cooperação, para garantir que ao final de tudo isso, tenhamos de novo a possibilidade de viver tudo o que pudermos em sua plenitude.

Vida longa e próspera!