O Narcisismo pode também ser compreendido como uma estratégia de causar impacto chamando atenção sobre o que faz, cabendo então discernir se aquilo que faz é algo útil para a comunidade ou apenas para si mesmo.

A imagem é tomada como natural, sem se perceber que é nela que se encontra todo o drama humano.

A imagem de si é conquistada ao redor dos cinco anos de idade e assumida como natural sem que se compreenda o significado dessa conquista.

A naturalidade da imagem impede qualquer reflexão sobre ela.

Porque a imagem é natural e qualquer pessoa tem uma imagem, qualquer pessoa tem um Eu.

A imagem de si é tão natural que não se compreende porque o autista não a conquista.

O autista não conquista uma imagem que o representa.

É tão natural que qualquer criança tenha que conquistar sua própria imagem que não se compreende porque uma criança que permanece no estado de autismo no qual nasceu não conquiste uma imagem para si.

É tão espontânea a conquista da imagem de si que nunca se pensa sobre isso.

O Estádio do Espelho implica três momentos: a imagem é apenas um vulto, um fantasma; a criança desconfia que não seja um fantasma, e procura atrás do espelho; até que a criança descobre que a imagem é ela mesma, e se olha no espelho, arruma o cabelo, passa a mão no nariz, na boca...

Essa ideia primitiva será fundamental para, mais adiante, ela, num choque de realidade, vir a conquistar seu Eu moral como seu representante legal e representante social.

O Eu é o representante legal da própria pessoa – que nunca sabe como esse representante foi conquistado.

Lygia Fagundes Telles filosofa sobre esse momento no conto O menino (1949).

No conto ela mostra o momento do trauma psicológico necessário para desiludir-se com a mãe, decepcionar-se com aquilo que observa, a perda da inocência, como condição fundamental formadora do Eu.

Não é voluntário que a mãe provoca esse trauma: a formação é por acidente.

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