1975

“Temos que ter firmeza em nossas opiniões, nossos modos e nossas certezas. Temos que impor nosso modo de ser, mas impor interiormente, para que as pessoas recebam essas imposições sem revolta”

1 de setembro de 1975
Já estou cheia de ser oprimida sufocada, afinal de contas, de que eu tenho medo, de quem eu tenho medo, porque eu tenho medo?

11 de outubro de 1975

Dúvidas
O que a dúvida acarreta nas pessoas. Aquela insegurança que ninguém deveria ter, o sentido do nada que pra gente é tudo. Praticamente sou feita de dúvidas, e dela eu me discordo e me descontrolo. Eu, pela mina instabilidade, não sou dona de mim, o eu sei que poderia ser instável.

16 de outubro de 1975

Por que as pessoas não compreendem as outras ou pelo menos não tentam compreendê-las. Talvez porque não consigam, ou não querem compreender a si mesmas. Preferem não saber como são com medo de descobrir uma coisa que não aceitariam. As pessoas têm medo delas próprias. Elas preferem jogar a culpa de seus fracassos e sofrimentos na personalidade de uma massa não personificada. Preferem se omitir a pensar com calma e com delicadeza, porque estes termos talvez estejam fora de moda. Afinal de contas...

29 de setembro de 1975

Como será que uma pessoa regride? Eu estou sentindo que eu estou regredindo numa espécie de futilização. Eu estou entrando, e mais do que devo, na máquina, na meta de comer e de reprodução. Eu estou esquecendo minha mente, eu estou muito insegura sobre mim e sobre os outros. Eu estou fugindo da realidade, eu estou querendo adquirir meu juízo, e onde é que eu o deixei, ou onde será que vou encontrar, eu estou querendo uma calma e uma responsabilidade de mim, do meu interior.

Como a certeza
o medo
que leva a um desespero
que não tem beleza
que é puro
puro de impureza

30 de setembro de 1975

Eu fico feliz em saber que consegui me libertar em parte, agora sei que preciso me libertar totalmente, ter a mente livre de imposições alheias e corporais. O puro merece o puro, mas a impureza pode ser retirada de um ser, se ele começa a ter consciência de que precisa ser puro.

16/01/1978
O medo que a gente tem de perder a vida. Este medo instintivo que leva e levou a nossa espécie e muitas outras a obrigação da preservação. O medo de ir para um lugar desconhecido, o medo do inesperado, mesmo que ele seja melhor. Porque eu tenho medo e aguço minha imaginação, porque tantas e tantas estórias sobre a morte.

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